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Por Isabela Nogueira

O período que vivi na Finlândia, um dos bastiões do Estado de bem-estar social europeu, rendeu-me um punhado de reflexões a respeito de dignidade humana, acesso a bens públicos, aparato burocrático-estatal, pensamento crítico, e por aí vai. Meu referencial brasileiro sobre desenvolvimento econômico e justiça social eram permanentemente surpreendidos por uma formatação social que, por mais que a conhecesse teoricamente, saltava aos olhos e comovia o coração. Das manifestações estudantis para que estrangeiros não paguem taxas nas universidades públicas, passando pela importante uniformidade salarial, política de migração digna, auxílio-desemprego e acesso livre aos bens públicos (gratuitos ou quase), a sensação era de forte preocupação com a dignidade humana. Parece um Estado montado sob a lógica de servir quem ali mora, e não de se retro-alimentar para perpetuação de sua própria lógica interna.

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Breves considerações sobre a crise recente: seria resultado de um ‘momento Minsky’?

Fernanda Cardoso♦

Alguns analistas vêm se referindo aos acontecimentos recentes no mercado financeiro norte-americano, particularmente aqueles associados à crise imobiliária, como característicos de um ‘momento Minsky’ – ou seja, como resultado de um prolongado período de rápida aceleração da dívida no qual empréstimos do tipo hedge são substituídos por empréstimos do tipo especulativo e Ponzi, o “momento” ocorre quando os empréstimos se tornam mais restritivos, aumentando os riscos de contração econômica sistêmica e de depreciação de ativos de capital. Para outros – aos quais podem ser atribuídas ao menos a duas linhas de críticas distintas -, esta é uma avaliação exagerada, pois esses acontecimentos não demonstrariam que a instabilidade financeira é intrínseca à operação de um sistema financeiro avançado como o norte-americano. A seguir, são apresentados estes diversos pontos de vista prós e contra a atribuição de características tipicamente minskyanas à crise atual, destacando alguns argumentos que corroboram ou não essas perspectivas.

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Cristina Fróes de Borja Reis

Roberta de Oliveira Guimarães

O objetivo deste artigo é aplicar o método de análise de Lopez (2000) para investigar a distribuição de renda no Brasil entre 2004 e 2006 a partir da estrutura de ocupação no mercado de trabalho. Através dos dados da Pesquisa Nacional de Domicílios (PNAD) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram construídos para o Brasil os índices de concentração de renda propostos por Lopez – principal inovação do estudo em relação a outros trabalhos sobre distribuição de renda. A intenção é compreender como se dá a distribuição dos rendimentos do trabalho entre cada tipo de posição na ocupação (empregador, empregado com ou sem carteira assinada, trabalhador conta própria e doméstico) nos meios urbano e rural, em cada região do país e qual sua relação com a distribuição pessoal da renda. Conclui-se que o aumento do emprego formal, a redução do desemprego e a queda da relação entre os rendimentos dos capitalistas vis-à-vis os dos trabalhadores devem ter tido conexão direta com a melhoria na distribuição de renda no país.

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Gabriel Rached

 

O Banco Mundial, organismo multilateral criado em 1944 em decorrência dos acordos da Conferência de Bretton Woods, é produto de uma conjuntura internacional específica marcada pela ascensão dos Estados Unidos ao posto de potência hegemônica.

Constituído originalmente com o propósito de auxiliar nos processos de reconstrução e desenvolvimento dos países-membros por meio de políticas de financiamento, o Banco Mundial foi alterando, ao longo das décadas, tanto sua visão acerca do processo de desenvolvimento quanto sua forma de atuação no âmbito internacional. Estas mudanças expressam contextos internacionais específicos que resultam, em grande medida, das estratégias de gestão do sistema mundial por parte do hegemon em um ambiente internacional permeado pela rivalidade interestatal.

Com base nesta perspectiva, o objetivo geral deste artigo consiste em recuar no tempo para observar os antecedentes da criação do Banco Mundial e, com o auxílio do enfoque da Economia Política Internacional, compreender como essa dinâmica anterior à sua criação influenciou – e continua influenciando – o modo de atuação desse organismo na intermediação da relação entre a periferia latino-americana e o hegemon. 

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Alexandre Freitas e Ricardo Summa*

 

A atuação do Banco Central (BC) no mercado cambial no dia de hoje (08/10/2008) ajuda a desfazer alguns “mitos”, tais como: a) o regime é de câmbio flutuante, e b) a taxa de câmbio é determinada no mercado futuro, portanto é ineficaz agir no mercado à vista. Ela serviu para ilustrar a crucial importância do Governo na determinação da “taxa de câmbio de mercado”.

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Frederico S. P. F. Valente*[1]

         Toda a argumentação contida nestas “breves notas” tem um caráter de “exercício” de reflexão, logo, sem o rigor e os formalismos necessários de uma exposição “científica”. A pergunta que inspira essa reflexão é a seguinte: temos hoje um novo padrão de desenvolvimento na economia brasileira ou trata-se ainda de um desenrolar infindo da crise do antigo modelo vigente até o início da década de 80? Em busca da aproximação a uma possível resposta, o objetivo será, em primeiro lugar, caracterizar o que se entende por “desenvolvimentismo” para, em seguida, apresentar uma interpretação para o que teria sido sua crise. O ponto em questão passa a ser se o caráter específico da crise do desenvolvimentismo proposto nesta argumentação teria sido superado. Para tanto, a tentativa aqui será a de estabelecer uma separação analítica entre a crise do desenvolvimentismo e a crise do desenvolvimento brasileiro.

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Cristina Fróes de Borja Reis

Esse artigo apresenta as relações entre investimento público e desenvolvimento econômico no Brasil entre 1950 e 2006, a partir de uma abordagem keynesiana e estruturalista. Continuar Lendo »

Cristina Fróes de Borja Reis§

Fernanda Graziella Cardoso¨

 

Resumo: Fundamentado numa retomada histórico-analítica, o presente trabalho pretende traçar um nexo explicativo entre as diferenças das trajetórias de desenvolvimento do Canadá, da Argentina e do Brasil. A análise possui duas contraposições fundamentais. Primeiramente, confrontando a Argentina e o Canadá, investiga-se porque tais países – que possuíam em comum o fato de serem colônias temperadas inglesas (sendo a Argentina uma colônia informal) -, mesmo partindo de condições aparentemente semelhantes, atingiram resultados econômicos e sociais tão distintos. Em seguida, a análise estende-se para a comparação entre o Brasil e a Argentina, que, antagonicamente, partiram de condições estruturais diferentes, mas culminaram em uma trajetória de crescimento semelhante. Apesar das autoras se basearem na noção das relações de poder características do Sistema Mundial naquele período, atribuem papel crucial aos condicionantes internos para a escolha da estratégia de crescimento e desenvolvimento econômicos e defendem que somente através de uma combinação analítica dos fatores externos e internos, bem como de suas interações, é possível entender o porquê das escolhas do modelo econômico de cada país. 

 Ler artigo completo: microsoft-word-outra-vez-a-crucialidade-dos-condicionantes-internos_sep085

Ricardo Summa

A macroeconomia do novo consenso (Blinder(1997)), pode ser representada por três equações: uma curva IS, uma regra de Taylor (função resposta do Banco Central via taxa de juros para colocar a inflação na meta) e uma curva de Phillips aceleracionista, como resume Lavoie et alli (2006).

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Por Fabián Amico

Entre as explicações da inflação, existe um amplo cardápio de opções. Na direita ortodoxa, invariavelmente, a inflação é explicada por “excesso de gasto” (usualmente público) ou por “transbordo salarial”, o que configura um quadro de inflação por “excesso de demanda”: se pretenderia consumir mais do que se tem produzido. Por fim aumentam os preços. No fundo do argumento sempre há um governo irresponsável e “populista” que aumenta o gasto e “adoça” a economia com o único e diabólico fim de ganhar as eleições e se perpetuar no poder. Continuar Lendo »